Nos últimos anos, as criptomoedas tiveram um aumento consistente e significativo nas taxas de adoção por investidores novos e experientes, varejistas e institucionais.
No entanto, as criptomoedas como classe de ativos ainda são altamente voláteis, envolvendo bastante risco.
Naturalmente, os conceitos e abordagens das finanças tradicionais têm sido aplicados ao território selvagem e inexplorado dos investimentos em criptomoedas, sendo a paridade de risco um deles.
O que é Paridade de Risco?
A paridade de risco é uma estrutura de otimização de portfólio pela qual uma carteira de investimento é constituída de ativos não correlacionados e distribuída de acordo com a volatilidade de cada ativo, de modo que haja uma participação de risco equilibrada entre todos os ativos.
Dito de outra forma, um portfólio de paridade de risco é uma carteira igualmente distribuída, em que os pesos se referem ao risco e não ao capital investido em cada ativo.
Ela é semelhante ao Modern Portfolio Theory (MPT) na medida em que é um método para alocar capital em várias classes de ativos, mas enquanto o MPT tenta derivar a combinação ideal de classes de ativos com base nos retornos e riscos esperados, a abordagem de paridade de risco aloca a carteira equalizando os riscos de cada classe de ativos, sem levar em consideração os retornos esperados.
Em seguida, ela usa alavancagem para escalar a alocação a um nível tolerável de risco ou volatilidade.
Por exemplo, se um investidor aloca $100 para um título e $100 para uma ação, a maior parte do risco vem da ação, pois é um ativo muito mais arriscado. Se, em vez disso, ele investir $50 na ação e $150 no título, o risco geral da carteira é muito menor, dado que os títulos são mais estáveis – porém o retorno também é.
Entretanto, se ele conseguir alguma alavancagem no título para “compensar” os retornos mais baixos, a carteira alcançará um retorno geral semelhante ao mais arriscado, dominado por ações, mas com risco muito menor.
Algumas pesquisas recentes descobriram que, para o mesmo nível de volatilidade da carteira, a abordagem de paridade de risco pode fornecer melhores retornos.
Construção de carteira de Paridade de Risco na negociação de criptomoedas
Nas finanças tradicionais, a estratégia de paridade de risco é viável, pois há vários ativos não correlacionados para escolher, como títulos, ações e commodities, e em diferentes setores. Ao espalhar os riscos sobre essas diferentes classes de ativos, os retornos da carteira podem ser maximizados.
No entanto, não há essa diferenciação nos criptoativos – se o Bitcoin subir, todo o resto das criptomoedas geralmente sobem e, se cair, todas as outras moedas também caem. Os avanços no setor de DeFi, no entanto, forneceram mais opções aos investidores.
Os investidores podem diversificar seus portfólios de criptomoedas com moedas de grande capitalização e relativamente mais seguras, como Bitcoin, Ethereum e Cardano, ou moedas de pequena capitalização em estágio inicial que têm potencial para ganhos de 100X ou mais, com alguma alocação para stablecoins para obter rendimentos mais estáveis (embora o recente colapso da Terra Luna tenha mostrado que nem todas as stablecoins são iguais!)
Portanto, se a Cripto A tiver uma volatilidade de 50% e a Cripto B tiver uma volatilidade de 10%, você teria mais ativos da Cripto B em seu portfólio do que os ativos da Cripto A, para equilibrá-las igualmente e garantir que seu risco seja distribuído o máximo possível.
Os três pontos-chave para criar um portfólio eficaz de paridade de risco de criptomoedas são:
- Rebalanceamento regular: Para criar um portfólio eficaz, é importante rebalancear regularmente a quantidade de cada criptomoeda que está sendo mantida. A razão de isso ser essencial para um portfólio eficaz é que as criptomoedas flutuam com frequência e, portanto, para garantir que o risco seja igualmente distribuído por todo o portfólio, as criptomoedas de alto risco devem ser reduzidas, enquanto criptomoedas mais estáveis e de menor risco devem ser mantidas em quantidades relativamente maiores.
- Baixa correlação: Um aspecto crucial da construção de uma carteira de paridade de risco eficaz é garantir que os ativos não estejam correlacionados, de modo que, se um ativo estiver com desempenho negativo, isso não afete o desempenho de outros ativos em sua carteira. Novamente, isso é mais fácil de dizer do que fazer no setor de criptografia, onde há uma forte correlação entre a maioria dos ativos digitais, mas sempre há oportunidades – se você souber onde procurar.
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- Alavancagem: Isso realmente se aplica a investidores ou traders sofisticados que têm acesso a baixos custos de empréstimos, ou seja, alavancagem barata, para que possam construir uma carteira de ativos não correlacionados distribuídos de acordo com o risco e usar essa alavancagem para aumentar os retornos, mantendo um nível razoável de volatilidade.
Como é calculada a paridade de risco?
Como mencionado acima, a paridade de risco é determinada pelo nível de risco associado a cada ativo e, neste caso, os ativos referem-se a criptomoedas.
Isso significa que, se duas criptomoedas estiverem sendo comparadas – uma com alto risco e alta expectativa de retorno e outra de baixo risco e retornos de longo prazo – usando a paridade de risco, o investimento na cripto de alto risco seria ligeiramente menor do que na cripto de baixo risco.
Para calcular a paridade de risco, os seguintes valores precisam ser descobertos:
- Retorno da Carteira (Rp = ∑ni=1 wi ri )
- Desvio padrão ou variação da carteira
- Contribuição de risco para cada ativo (Peso do Ativo x Desvio Padrão do Ativo)
Para calcular facilmente a paridade de risco, você pode usar uma calculadora de paridade de risco ou uma planilha Excel de paridade de risco.
O que é Paridade de Risco Hierárquica?
A Paridade de Risco Hierárquica (HRP) é um algoritmo de gerenciamento de risco que pode ser usado para construir portfólios otimizados, avaliando a relação entre os ativos, calculando os níveis de risco e representando visualmente esses cálculos por meio de gráficos.
Ele foi desenvolvido por Marcos Lopez de Prado, professor visitante da Faculdade de Engenharia da Universidade de Cornell, a quem foi creditada a modernização da disciplina de gestão financeira por meio de aprendizado de máquina e supercomputação.
O princípio fundamental subjacente à paridade de risco hierárquica é que os ativos de investimento não são iguais em termos de risco e, por conseguinte, a diversificação deve centrar-se na alocação do risco (indicada pela volatilidade) e não do capital.
A paridade de risco hierárquica funciona em três estágios:
- Agrupamento de árvores: Nesta etapa, é construído um dendrograma que representa visualmente uma árvore hierárquica. O agrupamento hierárquico encontra a distância entre os ativos e os agrupa em uma árvore, permitindo que as alocações sejam representadas por meio de um gráfico de árvore.
Uma amostra de agrupamento de árvores (Fonte: MathWorks)
- Quasi-diagonalização: Esta próxima etapa é realizada para que os maiores valores estejam ao longo da diagonal e investimentos similares sejam agrupados. Ao mesmo tempo, diferentes ativos são mantidos mais distantes.
Exemplo de Quasi-diagonalização (Fonte: MathWorks)
- Bisseção recursiva: Esta etapa envolve listar todos os itens do portfólio, atribuir pesos a cada item usando variância inversa, calcular a variância de cada metade, calcular o fator de divisão alfa e redimensionar os pesos de ambas as metades usando alfa. Este processo é repetido até que você tenha apenas um ativo em cada seção.
A Paridade de Risco é uma boa estratégia?
Usar a estratégia de paridade de risco no investimento tem vantagens e desvantagens. Uma das principais vantagens de uma estratégia de paridade de risco é a capacidade de diversificação, uma vez que os investidores podem ter uma carteira bem diversificada em vez de se restringirem a um tipo específico de ativo.
A estratégia de paridade de risco também é útil durante quedas ou recessões do mercado. Isso ocorre porque combina efetivamente ativos arriscados e relativamente estáveis. Durante uma recessão, os ativos estáveis da carteira compensam a volatilidade dos ativos mais arriscados.
No entanto, a estratégia de paridade de risco também vem com suas limitações, incluindo as dificuldades associadas ao monitoramento da carteira, principalmente porque contém uma gama de ativos que provavelmente se alterarão com muita frequência.
A estratégia de paridade de risco é, portanto, mais adequada para aqueles que têm acesso a alavancagem barata, bem como a capacidade de gerenciar os riscos decorrentes do uso dessa alavancagem.
Outra desvantagem do investimento em paridade de risco é que ele é altamente dependente do timing do mercado, o que poderia afetar a capacidade de um investidor de vender uma criptomoeda se os riscos ultrapassarem os limites esperados.
Conclusão
Como estratégia de gestão de investimentos, a paridade de risco tem tido um histórico respeitável em finanças tradicionais e espera-se que entregue resultados semelhantes para o investimento em criptomoedas.
No entanto, a volatilidade aumentada no mercado de criptomoedas atualmente, que tem sido amplamente comparada à do setor de tecnologia no início dos anos 2000, significa que nenhuma abordagem ou estratégia será suficiente.
Isso também significa que os investidores precisam ter toda a sua experiência, julgamento e bastante cautela ao navegar nas águas agitadas do investimento em criptomoedas.
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